Tempo, tempo, tempo...
Que seria de nós?
Artistas do impalpável
Sem o tempo que grafita
Em nossos corpos-instrumento
Em nossas mentes-escritura
Em nossa voz-amplificação do indecifrável
O fruto da pesquisa e do estudo
Labuta quase inútil se não fosse resistência
Tentativa estéril se não virasse obra
Em meio aos mecanismos cruéis do consumo
Que nos consome a juventude
A força de trabalho
Na busca (quase inglória)
de expressar nossa inconformidade,
por compreender a vida
No vislumbre que o instante efêmero da cena
Transfigurado em poesia
Dê sentido as nossas vidas e incite
(pretensiosos e sonhadores que somos)
A quem nos assiste,
a se juntar à nossa insistência-teatro
por dizer o indizível
Por dar forma ao indefinível
Levantando a bandeira (trágica se não fosse cômica) da encenação
Arte fugaz sempre por um triz,
mas que reinventa a utopia,
toda hora a cada dia,
Nosso imaginário refaz
Criando uma zona autônoma temporária de vislumbre do que virá...
E logo depois, tudo de novo se desfaz...
O que seria de nós?
Claudia Schapira
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