PÁGINA QUE O CHACAL POSTOU NO BLOG DELE FALANDO DO ZAP.GOSTAMOS DAS FOTINHOS!



POESIA FALADA À PAULISTA

São Paulo foi o berço do modernismo heróico de Oswald e Mário de Andrade. Destravaram a língua brasileira do empolado lusitanismo colonizador. E fizeram soar nossa doce fala mameluca. Mas o poema circulava em sua forma escrita. O livro era seu único meio de penetração. A fala do poema ainda era a empostada dicção parnasiana, com seu positivismo negativo, muito usada em qq cerimônia por mané metido a luzes. O Modernismo trouxe a fala para a escrita. A Poesia Marginal levou a escrita para a fala. Próximos do lirismo romântico da canção, amigos do ouvido ao acaso de Chico Alvim, os marginais se insurgiram contra o rigor paralisante do concretismo, a falácia da poesia engajada e o neo classicismo da geração de 45. A Poesia Marginal voltou a cantar. Pequenas células musicais assoviáveis. Descompressão, humor, iluminações avulsas.

INFLUENZAS

Se oswald foi buscar o brasil no futurismo de marinetti, nos manifestos por uma poesia seca, elíptica, funcional como a fuselagem de um hidromotor, ao ver e ouvir Allen Ginsberg, em londres, 73, descobri o potência do verbo feito fala. Não era teatro ou cinema, mas a velha e boa palavra falada incendiando os monumentos.

A poesia marginal bebeu em oswald, mamou nos beats e dançou na grande roda dentada tropicalista que colocou a cultura brasileira alguns anos luz além.



rap

Vejo já a algum tempo, nova retomada no trabalho com a palavra falada. O rap, fruto da era digital, deu cara e corpo novos à métrica, rima e ritmo d'antanho. A fala do rap é uma dança tribal. Três, quatro, cinco poetas versando ao mesmo tempo, dentro da hipnótica base eletrônica. O rap, trazendo à baila, a fala de uma galera até então sem voz.

Agora vamos outra vez buscar no lado de cima do planeta, outras modas, frutos de novas tecnologias e adaptá-las, antropofágicos, à nossa fome. O funk carioca é produto de exportação. O rap teve tal identificação com a periferia paulista que se tornou a poética dos guetos. Mereceria um estudo mais detalhado entre o rap que rola e a poesia de forma fixa. Percebo um respeito muito grande às regras no rap, a obsessão pela rima, etc, etc. Estudos comparados: quem se habilita ?


cabelo e m.melamed, 2 astros.

BARTOLOMEU

Ontem dani me levou para ver um lance no núcleo bartolomeu de depoimentos, perto do sesc pompéia. É um lugar super hiper. Lembra um pouco o goma de uberlândia. É a sede do grupo de teatro dirigido pela estilista, escritora e atriz, cláudia schapira. o lance se chama “ZAP ! zona autônoma da palavra”. Tem o formato dos slams do bowery poetry club que vi e versei em nova york. Uma hora de cinema (“urgência nas ruas” doc de luaa gabanini sobre hip hop em sampa). Uma hora de microfone aberto (open mike) e uma hora de batalha de poesia (slam poetry). Uma batalha com as seguintes regras: poemas de autoria própria (falado ou lido) / sem figurinos, adereços ou música / no máximo 3 minutos. Cinco pessoas são escolhidas para júri na platéia e dão notas de 0 a 10. A Roberta, rapper e atriz do grupo, toca a batalha com muita firmeza e entusiasmo. Ela, Xuxu, sua magnífica partner de patins e todo grupo Bartolomeu, fazendo as honras da casa.

Fui me animando com o ambiente e me inscrevi com meu nome de ricardo. Na hora, falei o “cidade” mas saiu péssimo. Porque ricardo não é o poeta e sim seu produtor. Chacal colocou o cara numa roubada. Poucas horas antes, tinha nadado mil metros, coisa q não fazia a mais de dez anos. A respiração ficou ofegante, emocionada. Coisa de iniciante.

Mas a batalha seguiu e se viu a presença mais forte do rap e da poesia popular urbana. As duas mulheres que participaram (ana roxo e pilar), fazendo uma prosa poética, foram às finais com o poeta baiano ruy mascarenhas, dono de uma dicção absolutamente pessoal, com seu canto berrado. meus amigos caco pontes e berimba de jesus, foram ficando pelo caminho. No final o júri, composto de 4 mulheres e 1 homem, deu a vitória a Pilar. A menina ganhou um pacote de livros variados.

A vantagem desse esquema é que gera uma boa adrenalina. Os poemas, aplausos, vaias, notas do júri. 3 etapas de classificação com 3 poemas diversos, dá para avaliar a qualidade do poeta. O critério de escolha é a soma do poema com a interpretação. No fim, algumas reclamações contra o júri e às regras da batalha que ainda está sendo formatada (acho que quem fala o poema devia ganhar mais pontos que quem lê). Mas valeu a noite e perceber que a competição acende o gás da galera e um pouquinho de bovespa na placidez da poesia, não faz mal a ninguém. ZAP !!!!!!!!!!!!!!!!!!


ricardo aleixo, master.

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